
A internação
é o único tratamento para quem usa, faz uso nocivo
ou é dependente de drogas?
Não.
Para pensarmos as estratégias de tratamento, é desejável
e quase indispensável que o paciente tenha uma demanda ou
alguma queixa (ou sofrimento) relacionada ao uso da substância.
Partindo-se daí, realiza-se uma avaliação,
considerando o padrão de uso, a repercussão deste
na vida da pessoa e as condições biopsicossociais
existentes. O trabalho consiste em construir junto com o cliente
e seus familiares um “projeto terapêutico”, do qual a internação,
às vezes, pode ser uma possibilidade. Vale
dizer que não há “tratamento milagroso” para situações
de dependência e freqüentemente a “internação
para desintoxicação” ocupa o espaço dessa “alternativa
milagrosa”, equivocadamente. No
caso de crianças e adolescentes em situação
de risco, principalmente as que têm percurso de vida na rua,
observa-se um uso de drogas elevado e muitas vezes, considera-se
que, para esta população, a melhor indicação
seria uma internação. No entanto, esta é indicada
apenas em alguns casos. A maioria das situações pode
ser encaminhada de outras formas, já que o vínculo
com a droga e o padrão de uso destes jovens estão
associados em grande parte às suas circunstâncias de
vida, numa determinada sociabilidade típica da rua. Assim,
os melhores resultados são encontrados em intervenções
globais, que incluem o oferecimento de outras alternativas de sociabilidade,
com um olhar pedagógico e clínico, baseadas na construção
de vínculos e perspectivas de vida.
Setembro 2000
Graziela Bedoian,
psicóloga do Projeto Quixote Marco Alexandre Franco Ribeiro,
psiquiatra do Projeto Quixote
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