
Francisco Cesar Rodrigues
“O educador de
rua precisa estar consciente de suas próprias limitações
e dos riscos e desafios. Para colher o menino/ menina em sua totalidade,
precisa estar livre de preconceitos e tabus impostos pela sociedade
classista e o fundamental: saber por quem estamos fazendo opção
e aliança. É o oprimido e não o opressor”.
Paulo Freire
Talvez
começando por esta reflexão fique mais fácil
entender e explicar minha iniciação na área
da criança e do adolescente. Não omito que num primeiro
momento foi por necessidade de sobrevivência mesmo. No início
dos anos 90, passei a fazer parte do primeiro corpo técnico
de educadores de rua S.O.S. Criança, serviço ligado
à então Secretaria do Menor. Foi ali que descobri
esta parcela da população que havia se tornado agente
de direito com a promulgação do Estatuto da Criança
e do Adolescente, mas ainda desconhecia o instrumento e lutava contra
uma corrente de resistência.
Não quero fazer nenhum tipo de propaganda político-partidária,
porém não posso deixar de reconhecer que nunca se
investiu tanto na formação e capacitação
de profissionais na área da infância como nos primeiros
anos da década de 90. Mas o governo mudou e, com apenas uma
canetada de gabinete, implodiu-se tudo e ficamos em rumo. Já
não acreditando que pudesse fazer parte de um processo de
mudança, resolvi no final de 97 voltar para minha área
de formação acadêmica -talvez dentro da redação
de um jornal pudesse contribuir com artigos sobre o assunto. Seria
outra luta, haja visto que criança e adolescente somente
interessa na imprensa quando se gastam fortunas para promovê-los
ou quando a Febem se rebela. Após
resistir por muito tempo a um convite para conhecer um projeto que
acolhia crianças e adolescentes em situação
de rua na Bela Vista, cedi, conheci e fiquei. Descobri nestas pequenas
grandes entidades pertencentes a organizações não
governamentais (ONGs) as infinitas possibilidades de participação
e ação para esta população que novamente
estava sendo abandonada, desta vez pelo Estado. Hoje,
atuo numa posição mais política, na defesa
e divulgação do ECA, participando de grupos de discussão
sobre políticas públicas para infância, fóruns,
seminários, etc. Represento Associação Beneficente
Santa Fé, que tem um atendimento direto para crianças,
adolescentes e jovens. Continuo assim no compromisso com a promoção
e defesa dos direitos da criança e do adolescente na cidade
de São Paulo.
Mai/2000.
Francisco Cesar Rodrigues |
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